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Sunday 7 August 2016

O novo o velho Douro em perfeita harmonia

Restaurantes repletos de comensais das mais diversas nacionalidades ... uma mescla de linguas e culturas ... uma economia fortemente potenciada por um turismo com razoável ou mesmo grande poder de compra. Estaremos numa capital europeia ou numa das mais trendys zonas balneares? Nada disso! Estamos em pleno Peso da Régua, porta de entrada no Douro vinhateiro, onde o velho se une com o novo, para dar lugar a uma região com características unicas no país, ou mesmo na Europa.





Nome: A Tasquinha
Data da visita: Junho de 2016
Localização: Peso da Régua
Comentários: o Douro está a viver um novo momento, de grande crescimento e procura. O seu principal activo, sem dúvida que é o vinho e o enoturismo que o mesmo atrai. Sempre que por lá estou questiono se poderá o Douro competir com as grandes regiões viti-vinicolas da Europa, como a Rioja de nuestros hermanos, Champagne dos franceses ou a Toscânia dos italianos ... pode! E é precisamente pelo facto de ainda possuir uma honestidade e pureza, características das suas gentes, que arrisco dizer que compete e pode ganhar! Talvez ainda falte criar uma gama média de serviços e estabelecimentos ... a atual oferta está muito particionada entre a alta gama, e consequentemente cara, e o muito básico, imagem do unico tipo de oferta disponível na era pré-boom. Mas é nesta linha que ainda é possivel encontrar spots fantásticos e honestos, onde podemos degustar o melhor que a gastronomia douriense tem para oferecer. A Tasquinha é um desses spots, localizada no centro da cidade do Peso da Régua, com uma decoração simples e despretenciosa. A simpatia do seu staff, composto pelo proprietário e a sua familia, é evidente mal entramos. A carta não sendo muito extensa tem algumas referências tanto de peixe como de carne. Para este fight já tinha algo em mente ... a posta maronesa! Maronesa é uma classificação DOP (Denominação de Origem Protegida) atríbuida a carnes criadas na região de Trás-os-Montes, com determinadas características, que podemos de forma resumida descrever como MUITO BOA!!! Sendo o grupo grande, além da posta foi também escolhida a vitela assada com batata. Em pouco tempo somos servidos e eis que começa uma verdadeira sinfonia de aromas e sabores ...
A posta, um naco de carne de generosas dimensões é servida em fatias, que permitem visualizar o esmero aplicado na grelha. Nem demasiadamente cozinhada, mas q.b. o suficiente para agradar aos menos fãs de carne mal passada. O empratamento é da responsabilidade de quem serve, ou seja o proprietário, e é por si só um autentico ritual, com a abertura das batatas a murro em quatro gomos e devidamente regadas com o molho da posta rico em azeite de qualidade. Acompanha com cebola, pimento e uns cogumentos salteados. Não exagero quando afirmo que é a melhor, ou pelo menos das melhores postas, que já provei. Carne tenra e cheia de sabor. Até os cogumelos, que numa primeira análise dir-se-ia algo deslocados, provam ser uma mais valia ao prato. Findo o primeiro prato foi tempo de me virar para a vitela assada, tarefa nada fácil depois de ter iniciado com a posta.  Sem surpresa, atrás da posta, mas também muito boa. Tenra e cheia de sabor. Acompanhava com uma salada, cujos legumes eram visivelmente caseiros, a ver pelo tomate coração de boi, bem maduro, com uma intensidade de sabor que só o caseiro proporciona. Deixo a imagem falar por si.
Para "moer" toda esta carne, foi chamado, como seria de esperar o tinto da casa, um néctar produzido pelo pai do proprietário a poucos kms da Régua. Um verdadeiro filho da terra portanto. Boa estrutura, acidez, taninos evidentes e sabor a fruta como só o sol duriense consegue proporcionar. Esqueça portanto a lista de vinhos e vá para o da casa, que não se irá arrepender.
Apesar do pouco espaço para a sobremesa, houve ainda vontade de experimentar um pijaminha onde foi possível provar um pouco de cada uma das iguarias caseiras disponíveis na carta. Sem surpresa, todas (muito) boas. Como cortesia da casa, um copo de vinho de porto, também ele de produção caseira.
Já tarde ia avançada quando se pediu a conta. Um valor a rondar os 14€/pax, faz da Tasquinha um verdadeiro campeão da relação preço/qualidade. E não é preciso incidir sobre o preço para considerar a casa um achado ... só a qualidade da comida fa-lo-ia por si só!
Repeteco? A Tasquinha é ponto de paragem obrigatório no roteiro do Douro. Se irei voltar? Sem dúvida.

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