Nome: Manel Padeiro
Data da visita: Agosto de 2016
Localização: centro de Ponte de Lima
Comentário: Ponte de Lima faz parte das minhas memórias de infância. Outrora sem os acessos por auto-estrada, a viagem era feita pelas sinuosas e movimentadas estradas nacionais. Os 30km ou algo do género que em linha recta separam a vila do mar, são suficientes para incrementar a temperatura em meia de dúzia de graus. A ementa era invariavelmente e sem hesitação o prato-montra da terra: os rojões com arroz de sarabulho. Cheguei a experimentar uns quantos spots mas um havia que era merecedor da nossa maior atenção e dedicação, o Manel Padeiro, localizado bem no centro da zona velha, num beco da rua principal que vai dar ao rio.
Para o leitor que não domine o prato e/ou a zona, atente que falar de sarrabulho em Ponte de Lima é como falar de francesinha na naçon ou de caracol na capital: se perguntar a 10 pessoas qual o melhor spot terá 10 diferentes respostas ... por isso, o melhor é ir e firmar a própria opinião. Para mim, o Manel Padeiro, é e será sempre o sítio de eleição para comer o sarrabulho à beira Lima, ... btw o rio que banha a vila.
Atente o leitor/comensal que em períodos como fins de semana, e principalmente no verão, reserva é aconselhável. Os comensais/veraneantes são mais que muitos e facilmente as casas atinjem a sua lotação por volta do meio-dia. Bom sinal, pois não seria assim, se não valesse a pena, certo?
Sentados e instalados na esplanada sob a protecção de guarda-sol obrigatória, em dia de calor intenso, pedimos os rojões com sarrabulho. O staff simpático e com saber na arte de receber, ou não estivessemos no Minho, bem treinado na arte de despachar, no bom sentido da palavra, as hordas de comensais, em menos que nada nos presenteia com o muito esperado pitéu. Os rojões, em que não faltavam os nacos de porco, sangue e tripa enfarinhada, estavam divinais e a primeira dentada foi uma regresso aos meus tenros anos. Top! O arroz, bem feito, cozido no ponto com bom sabor ao sangue e especiarias. Diga as palavras que disser, dificilmente conseguirei descrever a explosão e sabores e sensações proporcionadas. A qualidade dos ingredientes pareceu ser irrepreensível e a dose de sarrabulho generosa q.b. para dois comensais de sustento. Houve ainda espaço para fazer um bis de arroz, não porque fosse insuficiente mas por pura gula.
Para acompanhar o petisco, e de outra forma não poderia ser, uma caneca de 0.75cl de verde tinto de uva vinhão de Ponte de Lima. Digo e recomendo que deixe de lado as cartas de vinhos, respire o ar puro do Minho e opte pelo verde tinto da terra. Não é consensual, verdade, mas a simplicidade deste vinho é a melhor opção para lidar com a complexidade do prato. Aromático, com algum pico e acidez evidente, deu mostras que também se evoluiu nos verdes tintos. Longe os tempos dos vinhos carrascão, com acidez e adstrinjência suportável por muito poucos.
Chegado o momento de passar à sobremesa, concluimos que nao havia espaço para acomodar ... sarrabulho enche ... mesmo! Pena, pois ficou a por saciar a curiosidade sobre que iguarias nos proporcionariam. Fica para um repeteco.
A conta, essa ficou por um valor abaixo dos 20€/pax, que poderá subir ligeiramente com sobremesas, mas que mesmo assim é um valor mais do que razoável para a refeição em causa.
Repeteco? Já me descaí acima, a dizer que sim. Claro que haverá repeteco!