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Wednesday 20 July 2016

Plain and simple in Oliveira de Azemeis

Por terras de Oliveira de Azemeis, quando o relógio se posicionou naquele ponto em que urge suprir as necessidades energéticas, eis que surge na memória um spot que em tempos tinha ficado a promessa de visita, quando oportuno. Fui!



Nome: Dom Pipas
Data da visita: Maio de 2016
Localização: Oliveira de Azemeis, perto do centro
Comentário: fights que não retemos. Não necessariamente, porque correu mal, mas porque também não deslumbraram, e é assim que a mente humana funciona: só nos lembramos do muito bom e do muito mau. Mas conhecer todo aquele cinzento que há entre o preto e branco é sensato, e como tal também conhecer onde se come bem e a bom preço em qualquer lugar, não é informação a mais. O Dom Pipas, é um desses casos. Mal entramos na casa, deparamos com uma sala imensa, e quando digo imensa, é do tipo, servia para um casamento. Esta casa é bem conhecida na zona, como a ideal para grandes grupos. Este fight em concreto teve lugar ao almoço a um dia da semana, pelo que os comensais eram tipicamente, pessoal que trabalha na zona. Há quatro ou cinco pratos de diárias, mas por uma questão estratégica optei pela carta, que tinha alguma diversidade tanto de carne como de peixe. No momento em que os olhos passaram por "bacalhau com brôa", a decisão ficou imediatamente tomada ... algo quase pavloviano, mesmo! Assustador, até!!
Após algum (não tão pouco como isso) tempo de espera, eis que chega o peixe rei ...  deixo ao leitor, pela foto, percecionar a dimensão da dose! Muito generosa. Uma boa posta, a sair ás lascas,  branquinho e salgado no ponto! A qualidade era indiscutível. Quanto à brôa,estava bem envolta em azeite e funcionava muito bem com o bacalhau. Umas batatas a murro finalizam o empratamento.
Coube ao vinho da casa, uma 0.75cl  de Meia Encosta tinto, a tarefa de maridar com o prato. Este entrada de gama do Dão, portou-se bem, e é mais uma prova que não tem de ser caro para ser bom.
Depois de alguma luta, para conseguir não deixar muita coisa na travessa, e que luta essa, foi preciso chamar todas as forças para ainda ir à sobremesa. Nova analise à carta e nova reacção pavloviana com a tarte de limão. Fiquei um pouco desiludido no entanto. Não estava má, mas era notório que era de fabrico industrial ... pena.
Concluido o repasto, chega uma conta a rondar os 14€/pax, um valor bastante justo, até mesmo muito em conta, considerando a qualidade e a generosidade das doses.
Repeteco? É pouco provavel. Não estou a "desrecomendar" (acho que esta palavra não existe) e até será uma boa opção para jantares de grupo grandes, mas não sobressaiu o suficiente.

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Tuesday 12 July 2016

Sushi e peixe fresco em Matosinhos ... de novo

Vou buscando ás minhas mais profundas memórias, enquanto escrevo estas linhas, como era em tempos idos a famosa rua "dos restaurantes de peixe", junto à lota em Matosinhos. Se por fora pouco mudou, com as grelhas na rua a exibir o orgulho de cada casa, o seu peixe mais fresco, por dentro passaram os ventos da mudança. O sushi instalou-se e com ele veio o requinte. Não está pior. Pelo contrário ... agora há muita oferta e mais variada ainda! Peixe é em Matosinhos.





Nome: Sempr'Assar
Data da visita: Maio de 2016
Localização: Matosinhos, junto à lota
Comentário: sem muito detalhar, era um dia muito especial e pertencendo eu à geração do online socorri-me do social media para "detetar" um sítio para comer peixe, e já agora para os lados de Matosinhos. Et voilá, que surge no top do Zomato um nome até então para mim desconhecido, mas que tinha todos os sinais que iria dar certo: peixe fresco e sushi. Houve um momento de hesitação, pois precisamente na mesma zona há spot fantástico, também ele reinventado e onde o sushi faz também parte da oferta. Curioso? Ler aqui. Dúvidas e incerteza postas de parte e rumamos ao Sempr'Assar, com estacionamento fácil, no parque da Docapescas, com quem a casa tem acordo e é oferta. De aproveitar, pois na zona em causa, estacionamento é entre o difícil e o impossível.
A decoração é simples, moderna, funcional e com uma estética limpa que condiz com o ambiente calmo e pouco ruidoso do seu interior, um contraste com outras casas da zona. Fomos encaminhados para a sala do piso superior e instalados numa mesa à janela com uma vista que não nos deixa esquecer onde estamos. Felizmente, não foi preciso escolher entre peixe ou sushi, pois por sugestão do proprio empregado que nos atendeu, sempre de forma atenciosa e cordial diga-se, pudemos escolher um menu sushi de 10 peças para entrada e finalizar com um prato de peixe. O melhor dos dois mundos portanto.
Em tempo razoável foi servido o sushi, composto pelos clássicos: nigiri, gunka e rolls. Estavam bons, é verdade. O melhor sushi que já comi? Não. O molho de soja vinha servido, note-se a originalidade, fresco, que segundo informação, seria uma forma melhor de extrair os sabores. Gostei? Não posso dizer que não gostei, mas reconheço não ter percecionado as ditas diferenças, quando servido á temperatura ambiente, a forma mais comum.
Avançamos para o prato de peixe, um robalo de mar, acompanhado por açorda peixe, uma outra sugestão do empregado, para mim até ao momento uma combinação pouco provável. E ainda bem que o fez, pois não só a açorda estava deliciosa como a maridagem com o robalo funcionou na perfeição. O robalo por sua, vez era notoriamente fresco, de carne branquinha e grelhado no ponto sem deixar secar. Nota muito positiva ... é verdade! estamos em Matosinhos!!
Para acompanhar esta aventura do mar, foi uma 0.37cl de um branco, que não retive a marca (malditas faturas simplificadas que não discriminam o conteudo), mas que seguramente era um mainstream. Portou-se bem. Informação importante, o facto de servirem sangria a copo, a qual tive oportunidade de provar, especificamente a de espumante. Muito bem feita.
Para finalizar e deixar a boca doce, uma fatia de tarte de lima com base de Oreo. Como seria de esperar a acidez da lima, ligou bem com a base doce da Oreo. Original, sem dúvida.
Em tom de resumo, o Sempr'Assar conseguiu inovar e supreender mesmo a partir de pratos básicos como a açorda e o robalo e mesmo a tarte de lima.

O preço, esse ficou pelos 35€/pax ... um valor não muito simpático, mas que acaba por estar em linha com outras casas do género. Comer peixe fresco, mais ainda sendo de mar, sai caro. 
Repeteco? O Sempr'Assar tem o seu espaço proprio, no sentido em que pelo seu ambiente e serviço é o ideal para um jantar a dois ou mesmo um almoço de trabalho mais formal. E será nesse contexto que poderei voltar. Porém a concorrência é feroz, e não teve o impacto suficiente para me fazer esquecer outras casas, ali bem perto. Mas recomendo a quem não conhece, que o faça.



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Sunday 3 July 2016

Coimbra tem mais encanto ... à mesa

A zona de Coimbra pode ser, para os mais distraídos, considerada uma zona com pouca identidade gastronómica, principalmente quando comparada com outras regiões como o Minho, o Alentejo ou Trás-os-Montes. Nada de mais errado, se pensarmos na riqueza e diversidade da cozinha beirã, a proximidade ao leitão e o facto de ser o berço da mítica chanfana, um expoente máximo da nossa gastronomia. Hoje vamos até Coimbra e não é para ouvir o fado nem ver capas e batinas.

arroz de feijão
os famosos ossos e a petinga em escabeche ao fundo
a famosa chanfada, embaixadora da cozinha beirã
um close-up da chanfana
o arroz de feijão com a vitela
vomitado ... a especialidade da casa

Nome: Zé Manel dos ossos
Data da visita: Maio de 2016
Localização: Coimbra, centro da cidade
Comentário: reconheço que Coimbra não é um ponto de paragem habitual nestas minhas andanças pelo nosso abençoado retângulo à beira mar plantado. Não porque tenha algo contra, muito pelo contrário, mas porque simplesmente não se proporciona. Na mais recente visita à cidade dos estudantes o que mais me impressionou foi a movida alimentada à base de turistas, maioritariamente estrangeiros. Isto é algo que estamos habituados a ver em cidades como Lisboa ou Porto, mas sinceramente não estava à espera de encontrar uma Coimbra cosmopolita e multi-cultural. O plano era almoçar na cidade em spot referenciado há já algum por tempo por um kamarada comensal, descrito como: 
- ... um sítio muito pequeno, onde se comem ossos. 
- Ossos? - questiono eu ... 
- Sim, tipo costelinha, mas diferente ... muito bom!
- Ah ok! Tenho de um experimentar ... thanks pela dica.
Ora, bastante tempo depois, numa paragem na cidade do conhecimento, eis que surge a oportunidade de tirar do "saco das dicas", o Zé Manel dos ossos. Localizado em pleno coração da cidade, de estacionamento entre o muito dificil e o impossível, numa viela em que literalmente não cabem das pessoas lado a lado, chegamos ao Zé Manel. A primeira visão é de uma fila de largos metros composta por pessoas de todo o mundo ... maldito sejas, Tripadvisor que revelas todos os segredos a qualqur um!
Depois de uma boa meia hora a aguardar na fila, lá nos foi dado acesso ao interior da casa e imediatamente me veio à memória a primeira descrição da casa como "um sítio muito pequeno" ... pequeno é favor! É mesmo bastante pequeno, com cerca de meia duzia de mesas, num espaço onde normalmente não caberiam mais de três! 
papel com dedicatórias a cobrir as paredes
O elemento que mais depressa salta à vista da decoração é o facto das paredes estarem repletas de papeis com dedicatórias, em todas as linguas ... algo a fazer corar qualquer monumento de nível mundial. Papel, papel, papel por todo o lado, a contribuir ainda mais para um ambiente a roçar o claustrofóbico. A propria forma de staff receber e servir os comensais é por si só parte do espetáculo. Boa disposição, brincadeira e interacção com os clientes é uma constante. A carta como seria de esperar é composta por petiscos de comida tradicional portuguesa e possui bastante diversidade. Como não sabiamos exatamente o que pedir e pretendiamos provar o maior numero possível de pitéus, optamos pela decisão técnica mais acertada: a elaboração de um pijaminha, ideia apreciada pelo simpático senhor que nos atendeu e que ajudou com toda a boa vontade a que fossem seleccionados os petiscos mais emblemáticos da casa. Depois de algum trabalho técnico, o produto final foi:
- a petinga com molho de escabeche
- os famosos ossos
- a imperdível chanfana com batata cozida e feijão verde
- vitela grelhada com arroz de feijão

Se algo havia, transversal a todos os pratos, era a excelência e o aspeto caseiro. As petingas estavam bastante boas, com sabores evidentes do vinagre. Os famosos ossos, são as costelas de porco cozidas, com um molho à base de pimentão (especulo eu que fosse pimentão) simplesmente dívinal. Uma forma diferente de comer as costelas do porco, que ficou desde logo com mais um fã para toda a vida. A carne da chanfana estavem bem macia e tenra (a desfazer com o garfo) com molho bem escuro repleto de sabor. Arrisco dizer que esta chanfana passou para o meu top 3 pessoal do prato. Terminada a chanfana, eis que chega a hora de passar ao que elegi como o prato rei do fight: o arroz de feijão com vitela grelhada. De todos, claramente o prato mais simples e menos diferenciador, mas cuja genialidade do arroz trouxe essa consequencia ... o feijão era caseiro, e o arroz estava cozido na perfeição numa calda vermelho vivo e grossa que era uma verdadeira explosão de sabor. Simplesmente viciante, ao ponto de dizer que em futuros repetecos, tudo teria de ter este arroz a acompanhar. É preciso dizer mais?!?! 
As doses são bastante generosas, mais do suficientes para satisfazer o mais ávido comensal. Coube ao tinto da casa a dificil tarefa de casar toda esta diversidade e complexidade de sabores, um néctar de Terras de Sicó com taninos evidentes e boa estrutura. Nota muito positiva pela escolha de um vinho da região para levar o emblema da casa, mais ainda sendo uma zona fora das grandes e mais consensuais regiões vinicolas. Uma oportunidade para provar coisas diferenciadoras.
A generosidade das doses e a estrutura dos pratos mandavam que saltassemos a sobremesa, mas o facto da especialidade da casa se chamar "vomitado", sim percebeu bem, "vomitado", fez com que a curiosidade falasse mais alto e houvesse ainda a vontade de arranjar um espacinho para receber a especialidade de tão sugestivo nome. O vomitado é um doce de ovos e amêndoa, simplesmente divinal. O amargo da amêndoa e o bom doseamento do açucar proporciona um bom equilibrio ao ponto de nos congratularmos por não termos cometido o erro de saltar a sobremesa. 
Um bom par de horas depois de termos iniciado o fight eis que chega o momento de pedir a dolorosa, que rondou os 15€/pax, que transporta o Zé Manel para o pódio da melhor relação preço/qualidade. 
Repeteco? é assim: no dia da visita e nos dias seguintes, devem ter sido umas dezenas as vezes que dei por mim a pensar quando regressaria e até já tinha a ementa mentalmente preparada ... claro que iria envolver bastante arroz de feijão! É preciso dizer mais? 5*.



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Saturday 2 July 2016

Festa do peixe no Montijo

O local era o Montijo e o clima estava ameno pelo que peixe foi uma escolha fácil e consensual. O spot é já um velho conhecido, porém há muito por visitar. A informação que a gerência è nova foi o momento decisivo! Rumemos à zona ribeirinha dessa bela localidade.



Nome: Maré Cheia
Data da visita: Maio de 2016
Localização: Montijo, zona ribeirinha
Comentário:  zona de fácil estacionamento com vista privilegiada sobre o estuário do Tejo, encontramos o Maré Cheia. Este spot não é para mim novo ... no passado era visita frequente, e apesar de não achar mau, também não achava nada de especial. Simplesmente, era prático. A tomada de conhecimento de que havia nova gerência e que estava a fazer um bom trabalho trouxe boas expectativas para o fight que se avistava. A sala é imensa, com uma decoração simples, funcional e completamente despretensiosa. A arca do tesouro desta casa é a banca de peixe logo à entrada. Já nas minhas visitas passadas a banca estava presente, porém a anos luz da quantidade e diversidade de peixe fresco que se apresentava neste dia! Robalo, douradas, pargos, choco, truta, enfim, um sem numero de especies, em que o aspeto fresco era traço comum a todos. O comensal pode logo aí escolher o bicho e então dirigir-se para mesa, enquanto a grelha faz a sua mestria. Pão e azeitonas para entrada, enquanto se estuda a carta dos vinhos, que possui alguma diversidade e a preços razoáveis. A escolha caiu logo para uma 0.75cl de Vale da Judia, elaborado com uva moscatel na vizinha Pegões. Um branco com boa acidez, fresco e servido em flutes, que prometia estar à altura da dourada, escolhida à minutos atrás e que em menos de nada estava na mesa pronta a ser degustada. Servida escalada, estava bem grelhada e nem um pouco seca. Estava confirmada a qualidade e frescura avaliada à entrada.
Relativamente à guarnição, a casa disponibiliza uma solução inovadora: um buffet onde o comensal encontra batatas cozidas, legumes, pimentos assados, salada e outros. Achei que batata cozida, legumes e pimentos vermelhos assados estariam à altura da dourada. E não errei ... tudo saboroso e merecedor de nota positiva.
Por opção, saltamos a sobremesa e reconheço não ter tido oportunidade de avaliar a carta para referência a futuras visitas.
Não posso terminar este texto, sem uma menção honrosa para o staff que se mostrou afável e eficiente durante todo o fight.
A dolorosa ficou a rondar os 25€/pax, um valor pouco simpático, para uma refeição sem sobremesa e sem abusos ao nível de bebidas. Porém já se sabe que comer peixe fresco não é propriamente barato e se tivermos em conta a frescura e qualidade, verificamos que o valor está em linha com outras casas na mesma gama.
Repeteco? Sem dúvida. O Maré Cheia voltou a estar no meu roteiro para o Montijo, mantenha esta nova gerência o bom rumo, que me foi permito vislumbrar neste fight.

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